Eletroconvulsoterapia

 

O que é Eleconvulsoterapia (ECT)?

 

A ECT é uma técnica de tratamento altamente eficaz e segura, baseada na estimulação neuronal por meio de pulsos elétricos. A duração do estímulo é de alguns segundos. Com isso, é promovida uma reorganização do funcionamento cerebral por intermédio dos principais neurotransmissores envolvidos nos transtornos mentais.

É um procedimento realizado em ambiente clínico-hospitalar, com infraestrutura seguindo as normas do Conselho Federal de Medicina (CFM), Associação Médica Brasileira (AMB) e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). É executado por equipe composta por médico psiquiatra, médico anestesiologista e enfermagem. O paciente é submetido à sedação e relaxante muscular, ambos de curta duração, para que a convulsão não seja refletida no corpo. A duração do estímulo varia, em média, entre dez e vinte segundos e o paciente é monitorizado por eletroencefalograma, eletrocardiograma, pressão arterial e saturação de oxigênio. Após a sessão, geralmente não há desconforto ou dor e o paciente recebe alta logo após o procedimento.

A ECT costuma ser realizada de duas a três vezes por semana, levando em média de 6 a 12 aplicações para apresentar seu efeito terapêutico. Se o paciente responder bem ao tratamento, pode ser realizada a ECT de manutenção, na qual as aplicações serão espaçadas, sendo definidas á critério médico. Não há limite máximo de aplicações que uma pessoa pode receber em um esquema de manutenção.

 

Quais as indicações do ECT?

 

2.1- Depressões graves com ideação suicida.

2.2- Depressões resistentes a tratamento medicamentoso.

2.3- Depressão bipolar, catatônica, associada a transtorno de personalidade ou doença orgânica.

2.4- Depressão ou psicose na gestação ou puerpério em que as medicações necessárias são contraindicadas ou há risco para a mãe.

2.5- Situações em que os efeitos colaterais das medicações são arriscados, como em pacientes idosos (geralmente poli medicados).

2.6- Sintomas catatônicos.

2.7- Desnutrição que põe em risco a vida do paciente devido a transtorno mental.

2.8- Presença de sintomas psicóticos graves.

2.9- Mania e seus subtipos, esquizofrenia e outras psicoses resistentes ao uso de antipsicóticos.

2.10- Epilepsia refratária e transtornos mentais em epiléticos.

2.11- Síndrome Neuroléptica Maligna.

2.12-Doença de Parkinson (melhora dos sintomas extrapiramidais e depressivos).

 

Quais as contraindicações da ECT?

 

Não há contraindicação absoluta. Há condições que oferecem maior risco, como:

3.1- Feocromocitoma.

3.2- Doença pulmonar obstrutiva grave.

3.3- Infarto agudo do miocárdio recente.

3.4- Acidente vascular cerebral recente.

3.5- Lesões intracerebrais que ocupam espaço.

Os riscos e benefícios do procedimento devem ser considerados individualmente, assim como o manejo das doenças associadas.

 

Efeitos colaterais possíveis

 

4.1- Perda temporária e reversível de memória ou graus variados de desorientação ao despertar da anestesia.

4.2- Cefaleia, náuseas e dores musculares geralmente leves e de tratamento com analgésicos simples.

 

Benefícios da ECT

 

5.1- Índices de eficácia chegam a 90%, sendo melhor que os de tratamento medicamentoso (60 a 70%).

5.2- Resposta rápida, procedimento seguro, realizado em ambiente com infraestrutura adequada e com alta no mesmo dia.

 

Exames pré-ECT

 

6.1- Hemograma.

6.2- Ureia, creatinina, sódio, potássio, glicemia.

6.3- Coagulograma.

6.4- Avaliação Cardiológica.

6.5- Se necessário: tomografia ou ressonância magnética do crânio, radiografia de tórax e outros conforme necessidade de cada caso em específico.

6.6- Encaminhamento do médico psiquiatra responsável.

 

Aparelho: Mecta Spetrum 4000Q

 

Produzido pela empresa MECTA (acrônimo para Monitored Electro Convulsive Therapy), com sede em Portland no estado de Oregon, Estados Unidos.

A MECTA introduziu tecnologia da ECT baseada em evidências, desenvolvida em parceria com a University of Oregon Medical School e atua há mais de 40 anos com pesquisas de inovações em neuromodulação.

O Mecta Spetrum 4000Q é um aparelho de multiparâmetros, permitindo a personalização do tratamento associado à eficácia da tecnologia de pulsos ultra breves (0,3ms).

Aparelho devidamente registrado e certificado pela Anvisa.

 

Regulamentação

 

A ECT é regulamentada no Brasil pela resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) de número 2057/2013 e pelas diretrizes da AMB.

Art. 21. A eletroconvulsoterapia (ECT) deve ser realizada em ambiente com infraestrutura adequada de suporte à vida e a procedimentos anestésicos e de recuperação, conforme o “Manual de Vistoria e Fiscalização da Medicina no Brasil”.

Art. 22. A ECT é um ato médico; portanto, sua indicação, realização e acompanhamento são de responsabilidade dos médicos que dela participarem.

Art. 23. A ECT tem indicações precisas e específicas na literatura médica, não se tratando de terapêutica de exceção. Parágrafo único. O uso da ECT em crianças (idade inferior a 16 anos) somente deve ser feito em condições excepcionais.

Art. 24. A avaliação do estado clínico geral do paciente antes da ECT é obrigatória, em especial as condições cardiovasculares, respiratórias e neurológicas. Parágrafo único. Obriga-se o médico a observar as contraindicações formais para a aplicação da técnica.

Art. 25. A ECT só pode ser realizada com anestesia.

Art. 26. Os aparelhos de ECT devem ser máquinas modernas, registradas e certificadas pela ANVISA.

Vale, no entanto, retomar o disposto na resolução anterior, no seu artigo 9º: “A eletroconvulsoterapia tem indicações precisas e específicas, não se tratando, por conseguinte, de terapêutica de exceção.”. E ainda:

§1º - Suas principais indicações são: depressão maior unipolar e bipolar; mania (em especial, episódios mistos e psicóticos); certas formas de esquizofrenia (em particular, a forma catatônica), certas formas agudas e produtivas resistentes aos neurolépticos atuais; transtorno esquizoafetivo; certas condições mentais secundárias às condições clínicas (estados confusionais e catatônicos secundários aa doenças tóxicas e metabólicas); certas formas de doença de Parkinson; pacientes que apresentam impossibilidade do uso de terapêutica psicofarmacológica.

§2º – O uso da eletroconvulsoterapia em crianças e adolescentes até 16 anos deverá ser evitado, salvo em condições excepcionais.

A ECT também encontra respaldo no âmbito do CRM-SP, como mostra o texto da consulta nº 118.723/04. Portanto, trata-se de procedimento médico reconhecido, nacional e internacionalmente, como uma opção terapêutica em psiquiatria 4, 5 e 6.

 

 

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